terça-feira, 1 de maio de 2012

A hora de ir





A Hora de Ir

(Marise Jalowitzki)

Ventos mansos sopram anunciando o tempo chegado
Quando é a hora de ir?
Quando as vozes se perdem nas brumas da noite
Quando não há mais eco nas luzes do dia
Quando o riso toma o lugar da seriedade
Quando o enfado toma o lugar do interesse
Quando os olhos procuram outras telas
Quando as cores já não se expressam
E a chuva enruga as ondas plácidas do tranquilo lago.
Nota após nota, o entendimento é outro
Já não há prazer no convívio
A alegria deu lugar à conveniência.

O olhar triste ainda é o mesmo
Mas só para quem consegue vê-lo
Escondido entre a aparência ultrapassada e aparentemente fria

A confusão, ela existe? Parece que a maximizam,
Num esforço constrangido de aceitar que tudo não passa do peso dos anos.

A quem interessa o pensamento externado?
Não interessa!

Distâncias abismais se interpõem com passos gigantescos a cada dia.
Pra que forçar contentamento?
A vida a tudo traga
A tudo leva
De tudo esquece.
O importante é, agora,  apenas referência vaga
Melhor ficar distante

Como é difícil deixar de ser importante
Perder seu papel inicialmente tão arduamente conquistado
E, depois, heroicamente mantido
E, logo após,
simplesmente,
dispensado!
Assim, questão de poucos anos
Questão de pouco tempo!
Apagou-se a chama e ficou só a referência bibliográfica.

Os personagens vitais estão irreconhecíveis
Um sorriso condescendente e paciencioso ainda é dádiva
E a presença que alimenta é temporal.

Próximo ato!




Marise Jalowitzki

















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Gota

Link original:  https://marisejalowitzki.blogspot.com/2019/10/gota.html