terça-feira, 1 de maio de 2012

Barro Vermelho






BARRO VERMELHO

(Marise Jalowitzki)

Este estágio tem cheiro de terra vermelha
Seca,
Pó vermelho entrando
Se encravando nas linhas dos pés,
Dos dedos,
Das unhas,
Enquanto os passos continuam para a frente,
Andando,
Levando um corpo erguido
Reflexivo
Dócil
Aprendiz
Sabedor (?)
Do que são os ciclos
Do que contém a caminhada.

Os silêncios compactuados com o si mesmo
Já não possuem a oportunidade de se tornarem voz.
Fazem parte do pó desta estrada longa,
Compõem o caminho
São o próprio chão
O alicerce.

O porquê do silêncio
O porquê do pacto
Nem a alma pode responder.
Foi uma opção
Se fez por si só
E constitui história.

Sabedoria ou medo
Já nem cabe definir.

Cai uma abundante chuva
chuva abundante cai... cai... cai...
nenhum choro
nenhum riso
nenhum ai
só visão
transforma todo o pó em barro
barro vermelho
espelho
o arco-íris se retrata
os passos levam a novos ares
Conhecidos
Nunca vistos
Novos ares.
Um andar mais leve
Mais consciente
Diminui.
O corpo, num vacilo,
se senta à beira da estrada
Os pés se aconchegam no desvão,
Se enrodilham.

Chega de turbilhão
É hora de um cochilo.



Marise Jalowitzki

















Nothing Else Matters
So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters

Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say
And nothing else matters

Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
And nothing else matters

Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know

So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters

Never cared for what they do
Never cared for what they know
But I know

Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say
And nothing else matters

Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
And nothing else matters

Never cared for what they say
Never cared for games they play
I never cared for what they do
I never cared for what they know
And I know

So close no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
And nothing else matters


Nada mais importa
Tão perto, não importa quão longe
Não poderia ser muito mais vindo do coração,
Sempre confiando em quem nós somos
E nada mais importa

Nunca me abri desse jeito,
As vidas são nossas, nós vivemos do nosso jeito,
Todas essas palavras eu não apenas digo
E nada mais importa

Confiança eu procuro e acho em você
Todos os dias para nós algo novo
Mente aberta para uma visão diferente
E nada mais importa

Nunca me importei pelo o que eles fazem
Nunca me importei pelo o que eles sabem
Mas eu sei

Tão perto, não importa quão longe
Não poderia ser muito mas vindo do coração,
Sempre confiando em quem nós somos
E nada mais importa

Nunca me importei pelo o que eles fazem
Nunca me importei pelo o que eles sabem
Mas eu sei

Nunca me abri desse jeito,
As vidas são nossas, nós vivemos do nosso jeito,
Todas essas palavras eu não apenas digo
E nada mais importa

Confiança eu procuro e acho em você
Todos os dias para nós algo novo
Mente aberta para uma nova visão
E nada mais importa

Nunca me importei pelo o que eles dizem
Nunca me importei pelos jogos que eles jogam
Eu nunca me importei pelo o que eles fazem
Eu nunca me importei pelo o que eles sabem
E eu sei...!Yeah!!!

Tão perto, não importa quão longe
Não poderia ser muito mais vindo do coração,
Sempre confiando em quem nós somos
E nada mais importa

POR LEVÍ BELLINI


Link:http://www.vagalume.com.br/metallica/nothing-else-matters-traducao.html#ixzz2M3pMA8yU



Ramo de benção




Ramo de benção


(Marise Jalowitzki)

Bob canta e arrasta sua voz metal
A gaita na boca ensaliva o som que atordoa
E conduz.

Impossível dizer que foste selvagem.
Que nasceste selvagem.
Eu vi tua meninice.
Senti teus passos em direção ao adulto.
Eras sonhador.
Te encantavas com La-lady-la.
A parte bicho veio depois
Tão forte que te assustou e te fez correr para o pai-de-santo.
“Vou ser um pai-de-santo”, disseste
E ninguém mais iria te mandar.

Quem mandou foi a tua vontade.
Aquela, que não se conduz quando não se pensa.

O corpo do velho homem estava arranhado, ensanguentado
E ele gemia.
Estava feito.

Pegaste teu susto nas costas
E, meio atônito, meio orgulhoso
Continuaste tua caminhada.

Alguns meses depois o velho homem se foi.
Ninguém mais o visitou no endereço fixo.
Algumas flores murchas, de vez em quando,
Ainda apareciam na sombra.
Depois, nem isso.

Eu ainda preservo o espaço dos ossos
- agora já fininhos, pois estão velhos e empoeirados.
Triste ritual de culto aos ossos!

Neste final de tarde rezo por todos.
Pelas mazelas humanas.
Pelo de inferior que somos.
Pelos nossos erros, feitos na vontade de acertar.

Tomo o ramo-bento e abençoo primeiro a mim.
Depois, a ele, a ti, a todos.
Por todos.
Dourado Alecrim.





Marise Jalowitzki

















A hora de ir





A Hora de Ir

(Marise Jalowitzki)

Ventos mansos sopram anunciando o tempo chegado
Quando é a hora de ir?
Quando as vozes se perdem nas brumas da noite
Quando não há mais eco nas luzes do dia
Quando o riso toma o lugar da seriedade
Quando o enfado toma o lugar do interesse
Quando os olhos procuram outras telas
Quando as cores já não se expressam
E a chuva enruga as ondas plácidas do tranquilo lago.
Nota após nota, o entendimento é outro
Já não há prazer no convívio
A alegria deu lugar à conveniência.

O olhar triste ainda é o mesmo
Mas só para quem consegue vê-lo
Escondido entre a aparência ultrapassada e aparentemente fria

A confusão, ela existe? Parece que a maximizam,
Num esforço constrangido de aceitar que tudo não passa do peso dos anos.

A quem interessa o pensamento externado?
Não interessa!

Distâncias abismais se interpõem com passos gigantescos a cada dia.
Pra que forçar contentamento?
A vida a tudo traga
A tudo leva
De tudo esquece.
O importante é, agora,  apenas referência vaga
Melhor ficar distante

Como é difícil deixar de ser importante
Perder seu papel inicialmente tão arduamente conquistado
E, depois, heroicamente mantido
E, logo após,
simplesmente,
dispensado!
Assim, questão de poucos anos
Questão de pouco tempo!
Apagou-se a chama e ficou só a referência bibliográfica.

Os personagens vitais estão irreconhecíveis
Um sorriso condescendente e paciencioso ainda é dádiva
E a presença que alimenta é temporal.

Próximo ato!




Marise Jalowitzki

















Gota

Link original:  https://marisejalowitzki.blogspot.com/2019/10/gota.html