sábado, 7 de dezembro de 2013

Dezembro



Dezembro


Fim de tarde
Os últimos raios do dia irrompem pelos buraquinhos da janela
E iridescem a poeira sobre o teclado.
Fim de tarde-solidão
Humana existência estranha
Só a cigarra ainda insiste em sua rouca canção.
De repente irrompem na sala meus manos, todos eles
Todos nós, juntos de novo
Na alegre expectativa de um natal feliz
Com pai e mãe,
Com nossos sonhos
E nossa pobreza
O pai, fumando a um canto, desolado,
Cigarro entre os dedos
Triste, por não ter mais a oferecer.
A mãe, correndo, arrumando tudo do jeito que podia
Pra deixar tudo bonito, enfeitado
Alimentando as quimeras que sempre nos acompanharam.

Sei que, em dado momento,
O pai, como sempre, vai se levantar, sorrir, assobiar
Requebrar, cantar
Levar a gente pra dançar.
A mãe, por sua vez, vai ficar brava,
Vai sair de perto
Não perdoando a alegria do pai, que devia continuar se sentindo triste e culpado!
Tantas coisas que eu não entendia
Nem entendo agora!
E, ainda assim, fico revendo a nossa alegria de então
Correndo, saltitando, gritando, cantando, brincando
Pois era próximo o Natal, era verão.
Tantas mentiras, tantos enganos, rituais tão tolos
Perpetuados pelos milênios a incentivar consumo.
Mas aquela alegria,
Aquele alvoroço
Aquela inocência
Aquela esperança
Aquela expectativa
 A companhia de todos os manos e manas
Do pai e da mãe
Aquela família grande
As galinhas
Os patos e o gato
Os passarinhos cantando
A água limpa
A casa arrumada
A água de poço
O almoço no mesão
Os doces coloridos secando
Isso, sim, eu queria tudo de volta.
Bem agora, aqui, onde me encontro.

Esta realidade me pertence
Mora em meu coração
É bem minha
Identidade e passo.
Continuo escrevendo
Escrevendo
Escrevendo
Sem nem esperar que um dia alguém leia.
Tudo tão bobo
Tão errado
Sem sentido.
Todos procurando um sentido
Tentando explicar, sem saber ao certo
Ditando novas regras.

Essa sabedoria, que ninguém quer, de aproveitar o momento presente
Com o que ele tem,
Com o que ele é
Quando ele aparece,
Nem eu sabia
Como agora também não sei.
Mas eu sentia.

Será que lembrar do passado é porque já não volta? 
E isenta do necessário acerto?
Será que a felicidade mora nas lembranças pela incapacidade de ser feliz hoje?

Continuo escrevendo.





Traduction:
Quando você estava em pé na esteira da devastação
Quando você estava esperando na beira do desconhecido
Com o cataclismo despencando lá fora, teu interior chorando, salve-me agora
Você estava lá e possivelmente sozinho

Você sente frio e se sente perdido em desespero
Você constrói a esperança, mas o fracasso é tudo que você conhece.
Lembre toda a tristeza e frustração
E deixe-as ir, deixe-as ir

E na explosão de luz que cega todos os anjos
Como se o céu tivesse explodido em estrelas
Você sentiu a gravidade do temperamento divino caindo no espaço vazio
Ninguém estava lá para pegá-lo em seus braços

Você sente frio e se sente perdido em desespero
Você constrói a esperança, mas o fracasso é tudo que você conhece.
Lembre toda a tristeza e frustração
E deixe-as ir, deixe-as ir

E deixe-as ir
E deixe-as ir
E deixe-as ir
E deixe-as ir

Você sente frio e se sente perdido em desespero
Você constrói a esperança, mas o fracasso é tudo que você conhece.
Lembre toda a tristeza e frustração

E deixe-as ir, deixe-as ir


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Verdadeiro




O Verdadeiro


Que Deus me faça sempre mais sensível
Para perceber o outro, seja de que reino for!

Que eu perca sempre mais o medo
Me livre do enredo do temor
Me torne assumida e visível
Pratique sempre mais e mais o amor
Incondicional amor,
Legal,
Total,
Mola, propulsão, razão e cor!

Que eu possa estender meu braço, meu abraço
Para defender os que não tem voz
(E, se a tem, não são ouvidos!
Atroz destino!)

Queridos seres sencientes, cientes, conscientes,
Falam tanto, dizem tanto, imploram tanto
E tem de vergar-se à dor!

Que o homem saia de seu pseudo-espaço,
Subjugatório e cruel
Acabe com a cobiça
Relembre a premissa:
O planeta é de todos!
Todos têm direito a seu lugar
Dignidade
Vida longa
Liberdade!




quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Escadas para o Céu - Kung Fu Piano: Cello Ascends - ThePianoGuys

Cambará do Sul - Marise Jalowitzki
Por do sol em Cambará do Sul - fevereiro 2013

Escadas para o Céu

(Marise Jalowitzki - out. 2013)

As teclas são sempre as mesmas
As cordas, também
Os acordes, não!
estes mudam, se alternam, vem, vão
e tudo dança e se eleva!
me leva, lembrança do que não sei!
me enlaça, luz que me acompanha!
potencializa minh'alma
regenera a calma
voa,
me faz sentir-me
sendo
vendo
participando!

Evolução
respeito
entendimento
plenitude
gratidão
serviço
compromisso
tudo isso que reconheço
que pressinto
sinto
e me permito seguir!

Reconhecido caminho
sentido e direção
propósito e razão
quero-Te, emoção!
Afasta-me do corriqueiro
leva meu ser por inteiro
para o que tem valor e significado!

Asas de ouro
Asas de prata
Asas de borboleta
Asas de sonho
Ponho todas em um cesto
e alço voo com meus braços!
Recolho laços vermelhos, azuis e amarelos
Feliz, olho em espelhos
pego os chinelos
e vou dormir!





terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Cuidar e ser cuidada


Pato no lago (Parque da Redenção-Porto Alegre) - 2012 - Foto Dizy Ayala


Cuidar e ser cuidada

(Marise Jalowitzki)

Amada imaginação!
No sonho me permito ser!
Neste domingo de manhã
Confortavelmente te encontro.
Passeamos pelas ruas ainda desertas
Com aquele ar confortante das manhãs com sereno!
Ah, o sol surgindo!
As mãos entrelaçadas
Ameno e enternecido toque!
Porque, fundamentalmente, sou!
Sentimento e razão
Anseio, emoção.

Na vida, ah! A realidade!
Esteorótipos
Pré-concepção
Cabelos grisalhos ainda amam?
Mãos já enrugadas ainda acariciam?
Sombras nas ruas
Quem se atreve ao amor dos amantes, na velhice?
O cuidar e ser cuidado?
Tudo tão lindo
Procurado
Enaltecido dantes.
Agora, visto como deslocado,
Desproporcional.

Qual bicho arredio a alma sente
Se encolhe
Nem se mostra
Mas, cá dentro, ah! Aqui é minha casa!
Aqui, sinto, alço voos
Ponho roupas de asas
Olho as flores, delicadas
Ouço os pássaros e seus acordes
Rio e apresento minhas dores como marcas
Não como lamentos.
Como não aceitar que os anos moldem
Coloquem seus carimbos de passagem?

Também ainda sofro como no passado
Ainda  choro, como todos!
Também rio, abraço e me divirto
Na suprema experiência de ser.

Apesar das normas
Limites impostos
Arquétipos do que pode e do que não deve!
Espero-te
Creio-te!
Ainda podes chegar com tua rosa vermelha
Ou, melhor ainda, com tua flor do campo,
Singela
Bela e serena
Num lindo alvorecer de primavera-verão
Como agora, como hoje
Com brumas matinais
Depois, sol inclemente
Que força a busca à sombra!
Sente!




Video: https://www.youtube.com/watch?v=sofHkJwiJkA

(The rainbow shine on my window - Sim, o arco-íris brilha na minha janela!)




Cantora americana Joan Baez, se opôs à Guerra do Vietnã e em 1979 liderou um comício de até 12.000 pessoas, acendendo velas e promoveu uma caminhada até a Casa Branca, publicou uma carta aberta, "Contra as políticas brutais do Governo do Vietname".

Joan Chandos Baez nasceu em 09 de janeiro 01, 1941 em New York , Estados Unidos. Joan canta música americana popular, defende os direitos humanos, ativista, promove o trabalho social para a justiça e a paz. Durante a Guerra do Vietnã , anti-guerra, ela era a vocalista e foi para Hanói em 1972, quando a Força Aérea dos EUA lançaram a campanha de bombardeios. 

Joan Baez chegou ao Vietnã em 1972, e para expressar sua oposição à guerra injusta dos Estados Unidos no Vietnã e como "tapume Hanói, com a voz"  cantou para o pessoal Rádio Voz do Vietnã Sul. No Natal e ano novo, ela cantou canções anti-guerra com um guitarrista vietnamita, piloto americano e prisioneiro detido naLo HoaDepois do Vietnã, foi para a França, denunciou  crimes do governo dos EUA, aproveitando a oportunidade de rádio e televisão francesa ORTF.

http://dantraonha.com/Lat-Lanh/Doc-Ben-Thang-Cuoc-Tim-Joan-Baez/9-6629/index.aspx
http://vi.wikipedia.org/wiki/%C4%90%C3%A0i_Ti%E1%BA%BFng_n%C3%B3i_Vi%E1%BB%87t_Nam




Gota

Link original:  https://marisejalowitzki.blogspot.com/2019/10/gota.html